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Dignidade para ser quem se é

Nas comunidades mais vulneráveis de Campo Grande, um problema silencioso afeta a vida de milhares de meninas em idade escolar: a pobreza menstrual. Esse termo, ainda pouco debatido, descreve a realidade de quem não tem acesso a absorventes o durante o período menstrual. A falta desses itens leva a ausências frequentes na escola, prejudicando o rendimento escolar e, em alguns casos, resultando até no abandono dos estudos. Menstruar, para elas, significa encarar a vergonha e o desconforto de não poder cuidar de si mesmas, afetando não apenas sua saúde, mas também a autoestima e qualidade de vida.

 

Em 2021, a prefeitura de Campo Grande deu um importante passo para enfrentar a realidade ao institucionalizar o Programa Dignidade Menstrual nas Redes Municipais de Educação (REMES). O objetivo é oferecer absorventes descartáveis gratuitos e realizar ações educativas que ajudem a normalizar o diálogo sobre a menstruação como um processo natural e saudável.

 

A iniciativa foi recebida com entusiasmo, pois para muitas alunas e suas famílias, especialmente aquelas que vivem com menos de um salário mínimo por mês, esses itens de higiene representam uma economia significativa, já que, frequentemente, o custo dos absorventes torna-se inacessível.

 

Mais do que fornecer itens de higiene, o programa busca oferecer dignidade e uma melhor qualidade de vida às alunas. Contudo, após dois anos de implementação, mesmo que o programa tenha se mostrado como uma resposta importante, ainda restam perguntas sobre a  eficácia. Será que o Programa Dignidade Menstrual está distribuindo absorventes para todas as estudantes? E, além do material básico higiênico menstrual: as meninas recebem orientações sobre o ciclo menstrual, dignidade e saúde? Em busca dessas respostas, a reportagem revela como o programa tem avançado ou ainda precisa avançar nas escolas públicas municipais de Campo Grande.

 

Para entender se o Programa Dignidade Menstrual cumpre o papel, a reportagem entrevistou alunas, professores, diretoras, mães e responsáveis, além de gestoras da Secretaria Municipal de Educação e especialistas como ginecologista e educador sexual para entender a abordagem da educação menstrual e os estigmas que ainda cercam a menstruação.

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